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Um Dia a Casa Cai. Mesmo Para os Gurus.

  • Foto do escritor: JP Sousa
    JP Sousa
  • 22 de mar. de 2020
  • 4 min de leitura

Atualizado: 25 de mar. de 2020



A gente às vezes tem a tendência a achar que as coisas não vão mudar. Se estamos numa maré ruim, vem aquele sentimento de desespero de que nunca vamos sair do problema. Também acontece nos momentos de alta, aquela fase em que tudo dá certo, e que nos sentimos invencíveis e achamos que a maré positiva vai durar para sempre.


Mas a vida não é assim. Como diz o provérbio, “não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe.”


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Mercados Em Alta – Até Quando?


No fim de 2019, início de 2020, com os mercados de ações nos níveis mais altos jamais registrados, muita gente pensou que a festa ia ainda durar mais um bom tempo. Claro, ninguém com um mínimo de bom senso apostou num mercado em alta “para sempre.” Em algum momento a coisa ia virar.


Mas quando? Por qual motivo? Com que intensidade? Com que velocidade? E em meio a essas dúvidas, teve gente que segurou as posições “só mais um pouquinho, não vamos perder a chance de fazer mais alguns dólares.” Apostaram na alta do mercado. Mas as estratégias de proteção não foram suficientes.



O Que é "Hedge"


Os gestores profissionais (os “gurús” do título deste post) quase sempre adotam estratégias de proteção (“hedge”). Por exemplo: se eu estou “comprado” num Fundo A que segue um índice do mercado, digamos o S&P 500 (índice que acompanha 500 das maiores empresas americanas), ao mesmo tempo compro outro Fundo B (ou outro tipo de investimento como opções, por exemplo) que segue o inverso daquele índice.


Ou seja, se o índice cair, perco no Fundo A, mas ganho no Fundo B. Dessa forma, minhas perdas totais com a estratégia serão menores do que se eu não tivesse o Fundo B. Claro que, com o mercado em alta, meus ganhos no Fundo A vão ser diminuídos pelas perdas no Fundo B (inverso do mercado), mas a coisa tem que ser montada de tal maneira que o saldo final seja positivo. A diferença que você perde pode ser considerada como um “seguro” que você “comprou” para evitar uma perda ainda maior.


A explicação acima é bem simplificada, mas acho que deu para você ter uma ideia do que é uma estratégia de “hedge.” Mas para que todo esse blá blá blá? Para você entender a história principal a seguir.



Os Gurús Financeiros


Os maiores e mais famosos gestores de fundos do planeta administram enormes quantidades de dinheiro de seus clientes nos chamados “hedge funds.”


(Observação: “hedge” aqui não tem nada a ver com a proteção explicada acima—é apenas a denominação desses fundos, de alto risco, em que instituições e grandes fortunas investem. Mas deixo essa explicação para outro post.).


Alguns dos mais famosos incluem Bill Ackman (Pershing Square), Andrew Spokes (Farallon Capital), e Ray Dalio (Bridgewater), para citar alguns.


Dentre todas as estratégias que esses fundos adotam, um ponto em comum é que, via de regra, correm grandes riscos para obter maiores retornos. Seus clientes bilionários normalmente têm estômago (e fôlego financeiro!) para aguentar os altos e baixos do mercado. E na maioria das vezes o saldo é positivo. Por exemplo, Ray Dalio e seu fundo, Bridgwater, deu um retorno de 9,4% em 2008, ano da grande crise, quando o S&P 500 caiu 37%. Uau! Beleza! Mas...



Choque de Realidade


Estamos em 2020, no que pode ser a maior crise mundial de todos os tempos. Exagerada ou não, a reação dos governos e mercados à pandemia do coronavírus, “travando” as economias mundiais em níveis nunca antes vistos, traz grande probabilidade de uma depressão mundial inédita.


Esse impacto fez com que o S&P 500, desde quando a pandemia “pegou fogo” em meados de fevereiro até a última sexta-feira (20/3), caísse quase 32%. Ou seja, em um mês as perdas foram maiores do que no ano inteiro de 2008!


E nosso amigo Ray Dalio? Como se saiu nessa?


“Continuamos nas nossas posições e, em retrospecto, vejo que deveríamos ter reduzido nosso risco. Estamos desapontados porque deveríamos ter ganhado dinheiro ao invés de perder nesse movimento, como fizemos em 2008." Fonte: Brazil Journal

Bom… parece que ele “errou a mão.” Os fundos da Bridgewater, gestora de US$160 bilhões, caíram até 20% neste ano. Segundo o Brazil Journal, Dalio disse ao Financial Times que “não sabia como navegar o vírus e optou por não fazer nada por achar que ‘não tinha nenhuma vantagem competitiva em operar isso.’ " Assim, continuaram firmes nas posições em que estavam. Dalio admitiu que, “em retrospecto, vejo que deveríamos ter reduzido nosso risco.”


Dalio estava apostando na alta do mercado. Achava que ainda continuaria por algum tempo, e não pode prever a reviravolta causada pelo coronavírus. Mesmo após o início da crise, Dalio “não sabia como navegar o vírus.” Agora, se um gurú como Dalio comete um deslize desses, que dizer de nós, simples mortais?



Conclusão


Você deve estar se perguntando como essa história se aplica à sua realidade. Muito simples. As quantias envolvidas podem ser diferentes, mas a psicologia é exatamente a mesma.


Apesar de diferenças financeiras, culturais e acadêmicas, a natureza humana vale para todos. Por que tanta gente perde dinheiro na bolsa e outros investimentos de risco? Ou então deixam de ganhar por ser muito conservadores? Quais os fatores que determinam os resultados de seus investimentos? Numa lista não exaustiva, vejo como principais fatores:


  • Emoções

  • Conhecimento

  • Risco

  • Retorno

  • Diversificação

  • Montante investido


Emoção? Sim senhor! Vou discorrer detalhadamente sobre esses fatores em próximos posts. Por enquanto, se você tiver que lembrar de somente uma lição de toda esta história, lembre-se que você sempre deve alocar parte de seu dinheiro em estratégias com proteção contra queda do mercado, mais ainda se o quanto voce tiver disponível financeiramente não for suficiente para correr riscos.


Regra Número 1: em se tratando de bolsa e investimentos de risco, NUNCA INVISTA DINHEIRO QUE VOCÊ NÃO PODE PERDER. E como sempre digo, antes de mais nada consulte sempre um profissional financeiro de sua confiança.


V1.0

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